Eles, elas e eu...

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eles escrevem. elas escrevem.
eu apenas rabisco...

13 de agosto de 2006


Ela era a princesa da vida dele. Fisicamente eram parecidos. Ele a ninava no colo, cantando para ela dormir. Ele a segurava nos braços para ver os bichos no Zoológico. Ele a ensinou a andar de bicicleta. Tentou ensiná-la a torcer pelo Vasco. Mostrou a ela que ser determinada era fundamental para seu crescimento. Herdou dele o senso de organização e o amor pelos livros. Ensinava pacientemente matemática para ela. Parou de fumar para que ela nunca entrasse no vício, embora sem sucesso. Achava linda a fantasia de bailarina que ela insistia em usar em todos os carnavais. Orgulhava-se ao vê-la desfilando no 7 de Setembro como melhor aluna de seu colégio. Como militar que era, sabia ser autoritário. E doce, quando queria. Soube dar limites e carinho na dose certa. Ela só o viu chorar uma vez na vida. Naquele momento ela descobriu que ele era apenas humano. O primeiro namorado foi reprovado simplesmente porque ele percebeu que a menina havia crescido. Os laços de fita e os vestidos tinham sido definitivamente aposentados e as novas roupas eram sempre curtas demais, decotadas demais, apertadas demais, pequenas demais. Os ciúmes, esses sim eram grandes demais. Ela achava lindo o amor que ele tinha por sua mãe e queria viver um igual. Um dia, ela quis casar. Ele alertou que não era uma boa escolha. Ela insistiu, ele concordou. Ela deu um neto a ele. Não o primeiro, mas o único que ela viu no colo daquele homem. Quando ela resolveu se separar, ele foi o primeiro a saber. Apoiou incondicionalmente. Voltaram a viver na mesma casa e ela se sentiu novamente amparada. Um dia, ela acordou e soube que ele era uma pessoa tão especial que o cara lá de cima o chamou para o seu lado, de surpresa. Ele foi, sem se despedir. E ela chorou, embora até hoje sinta a presença dele nas horas que mais precisa.

Feliz Dia dos Pais, pai... onde você estiver

A vocês que vêm aqui e são pais, meu abraço pelo dia de hoje. Que vocês possam ser pros seus filhos aquilo que meu pai foi e é pra mim.

E você que tem seu pai hoje por perto, abrace-o... Um dia você poderá ter vontade de fazer isso e não mais será possível... como hoje, pra mim....

( escrito em 10 de junho de 1999 - dia em que meu pai faleceu...
e postado originalmente em 2004 no meu antigo blog)

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