Eles, elas e eu...

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eles escrevem. elas escrevem.
eu apenas rabisco...

12 de dezembro de 2006




Oi Nicolau ( não é esse o seu nome???)

Quanto tempo, né? Acho que a última vez que a gente se falou foi no Natal de mil novecentos e setenta e alguma coisa. Naquele tempo eu te chamava de Papai Noel, lembra? Depois de tantos Natais juntos, ficamos íntimos e podemos nos tratar com menos formalidade. Bom, meu amigo Nicolau, essa cartinha talvez seja um pouquinho diferente das que você costuma receber, mas, desde criança, ouço dizer que você lê todas e sempre as atende. Isso é discutível, porque me lembro bem de quando te pedi uma bicicleta nova e você me mandou uma boneca. Tudo bem, os gnomos devem ter se confundido. Outra coisa que vale a pena dizer aqui é que esse papo de que você só atende a quem se comportou bem durante o ano é pura balela, porque, no ano em que meu irmão levou bomba no colégio, ele ganhou um autorama quando na verdade ele tinha que ter ganho era umas boas chineladas.
Engraçado que sempre me disseram que o Natal era uma festa de aniversário, sabe? De um menino chamado Jesus. ( Conhece ele? Ele te manda cartinhas também?) O pior, Nicolau, é que você acabou roubando a festa dele. Hoje eu entendo que a culpa não foi sua. Te usaram tanto que nem a cor da tua roupa você pôde escolher, né? Ficou vermelha e branca por conta de um líquido preto e gaseificado que existe por aí ( e no qual sou viciada!). Passei a entender que o tal 25 de dezembro é, na verdade, aniversário do Consumo. E as festas desse tal Consumo são uma loucura só. É shopping lotado, ruas cheias de gente se amontoando nas banquinhas do Saara, brinquedo caro, bacalhau pela hora da morte. Tudo para atender aos pedidos desse moleque. Consumo inventou uma brincadeira de amigo-oculto que virou febre. Uma tentativa de se gastar menos, mas são tantas brincadeiras dessa que o barato acaba saindo caro. Quem não se rende aos caprichos de Consumo passa por maus bocados, sabia? É só reparar nas caras de desagrado quando o presentinho recebido não é lá essas coisas. Diante disso tudo, aquele menino, o Jesus, ficou meio esquecido num canto. Por isso a minha cartinha esse ano é pra te pedir um troço diferente. Eu só queria, Nicolau, que você, na qualidade de santo que tem, tocasse o coração das pessoas para o verdadeiro espírito desse dia. E, se for pra rolar um presentinho, embrulha aí consciência, fraternidade e solidariedade e distribui pra essa humanidade tão necessitada de SER e não de TER.

Um beijo na barba,

Mônica

PS: Se der, pede pra minha vizinha esse ano NÂO colocar o CD da Simone cantando aquela musiquinha asquerosa que eu abomino? Fico te devendo essa, Nico!

* inspirado num post do meu idolatrado sobrinho blogueiro

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