você passa a vida inteira tentando uma vaga de titular no time do coração. o técnico gosta do seu estilo de jogo, diz que você é peça fundamental da engrenagem toda, mas não te escala. você se empenha nos treinos, é disciplinado, ousa dar uns toques na armação tática para o clássico da próxima rodada. mas continua lá, no banco de reservas, pacientemente, esperando sua chance. quando você já se acha veterano demais para vestir a camisa dez, ele te chama. coloca em seus pés toda a responsabilidade do título tão sonhado. e você se atrapalha com a bola, não ouve o apito do juiz, vive no impedimento, comete algumas faltas e toma cartão amarelo. mas o técnico ainda confia em você e te mantém em campo. e você dribla. penetra na defesa. domina a bola e dá o passe. anula as jogadas ofensivas. cobra falta e é bola na trave. cobra escanteio e nada de gol olímpico. segue o empate. vai pra prorrogação. o jogo é interrompido. pela chuva ou pela falta de luz no estádio, pouco importa. recomeça o jogo. sente cansaço, mas, por amor àquela camisa, segue em campo. nada de gols. hora dos pênaltis. você pede para não cobrar. no fundo, no fundo, sabe que amarelou.
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