façamos de conta que não há hora para acordar, contas a pagar, trabalhos a entregar. façamos de conta que não há inveja nos olhos, tristeza nas costas, doença no corpo. façamos de conta que não há mágoa sentida, sonho frustrado, palavra engolida. façamos de conta que o bom senso não se abala, que o tempo não fecha, que o dinheiro não acaba. façamos de conta que o telefone não quebra, que a internet não cai, que a humanidade não faz guerra. façamos de conta que a fome não mata, que a vida não corre contra o relógio, que amores imperfeitos não existem. façamos de conta que não existe cara feia, que lágrimas são só de alegria, que verdades sempre são ditas. façamos de conta que o gás não acaba, que a água é limpa e que a luz que vem de dentro é a que realmente ilumina. façamos de conta que a cabeça não pira, que o carro não enguiça, que o medo não paralisa. façamos de conta que as asas são reais, os vôos perfeitos e as aterrisagens tranqüilas. façamos de conta que não há filas no balcão de empregos, balas perdidas, mortes no trânsito. façamos de conta que não existem fantasmas no sótão, esqueletos no armário, sujeira sob o tapete. façamos de conta que o coração não se parte, que os ossos não quebram, que a alma não sofre. façamos de conta que tudo é possível quando fazemos de conta...
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