Eles, elas e eu...

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eles escrevem. elas escrevem.
eu apenas rabisco...

13 de maio de 2007

toca o interfone. mônica, encomenda pra você na portaria principal. curiosa, desço pra pegar. caixa do submarino. dores do amor romântico de fernanda young. nada que identificasse o remetente. estranho, muito estranho. mas meu nome e endereço estavam ali. então é meu. dou uma lida nas primeiras poesias e deixo o livro num canto. pelo msn comento com marcinha sobre o presente surpresa e ela me pergunta se veio um marcador junto com o livro. não, não veio. pena. ali tem uma poesia que resume tudo. droga. fiquei sem essa. as horas passam e é chegada a hora de deitar. no silêncio da casa posso ler com calma. fernanda é do tipo "ame ou odeie". e eu, fã assumida, delicio-me com cada linha lida. chego na poesia dedicada a sylvia plath. e o marcador estava ali. o que já era estranho ficou mais estranho ainda: um remetente misterioso, o marcador não visto antes e logo em sylvia. lembro de marcinha e encontro votos de submissão:

"Caso você queira posso passar seu terno,
que você não usa por estar amarrotado.
Costuro as suas meias para o longo inverno...
Use capa de chuva, não quero ter você molhado.
Se de noite fizer aquele tão esperado frio
poderei cobrir-lhe com o meu corpo inteiro.
E verás como a minha pele de algodão macio,
agora quente, será fresca quando janeiro.
Nos meses de outono eu varro a sua varanda,
para deitarmos debaixo de todos os planetas.
O meu cheiro te acolherá com toques de lavanda
- Em mim há outras mulheres e algumas ninfetas -
Depois plantarei para ti margaridas da primavera
e aí no meu corpo somente você e leves vestidos,
para serem tirados pelo total desejo de quimera.
- Os meus desejos, irie ver nos teus olhos refletidos.
- Mas quando for a hora de me calar e ir embora
sei que, sofrendo, deixarei você longe de mim.
Não me envergonharia de pedir ao seu amor esmola,
mas não quero que o meu verão resseque o seu jardim.

(Nem vou deixar - mesmo querendo - nenhuma fotografia.
Só o frio, os planetas, as ninfetas e toda a minha poesia)

fecho o livro. é, nada acontece mesmo por acaso. só me resta pensar: obrigada, remetente desconhecido.

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