a primeira coisa que pensei quando vi as cenas chocantes da tragédia em congonhas foi que eu estive lá a menos de uma semana atrás. um aeroporto cravado no meio de uma cidade é de dar medo. e agora penso no eduardo que não terá coragem de fazer o reconhecimento do corpo da mulher carla por preferir ficar com a imagem dela, sempre brincando. penso na aposentada adelaide de 75 anos, que vinha a são paulo junto com um grupo de amigas para participar do lançamento do movimento nacional contra o calote público. penso no idercley que sobreviveu por ter embarcado meia hora antes em um outro vôo, mas que acabou perdendo a mulher e o filho de um ano e oito meses. penso na fabiane, grávida de 4 meses. penso na maria elisabete e nas netas julia e maria isabel que só queriam voltar pra casa e contar as novidades da viagem de férias escolares. penso no claudemir que estava naquele vôo simplesmente porque antecipou sua volta. penso nos que se foram e nos sonhos que ficaram pra trás. mas penso ainda mais nas avós, avôs, pais, mães, irmãos, tios, maridos, esposas, filhos, filhas, netos, netas, amigos e amigas que aqui ficaram. esses, sim, têm a dura missão de seguir em frente, apesar de tudo. a vida é breve... muito breve.
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