" ... vi uma mulher linda e estranhíssima num canto, toda de preto, com um clima de tristeza e santidade ao mesmo tempo, absolutamente incrível ( ... ) ela é exatamente como os seus livros: transmite uma sensação estranha, de uma sabedoria e uma amargura impressionantes. é lenta e quase não fala. tem olhos hipnóticos, quase diabólicos. e a gente sente que ela não espera mais nada de nada nem de ninguém, que está absolutamente sozinha e numa altura tal que ninguém jamais conseguiria alcançá-la. muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. é impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa a seu redor. talvez eu esteja fantasiando, sei lá. mas a impressão foi fortíssima, nunca ninguém tinha me perturbado tanto...."
( trecho de uma das cartas de caio fernando abreu a hilda hilst relatando a primeira vez que viu clarice lispector - 29.12.70)
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